Alta do dólar contribui nas exportações, mas pode prejudicar as vendas no mercado interno
O momento é bom para a pecuária brasileira e a expectativa é que a arroba tenha ainda mais valorização no último trimestre do ano, e o dólar contribua com o aumento das exportações. Por outro lado, segundo a Scot Consultoria, a inflação pode prejudicar as vendas no mercado interno.
Especialistas dizem que o mercado nos próximos meses será promissor e vantajoso. Em dezembro, período onde a demanda é maior, o preço da arroba do boi gordo deve chegar a R$ 134. A escassez do bezerro no mercado, por causa do aumento do abate de fêmeas nos últimos anos, mantém a alta dos produtos de origem animal.
– Hoje temos gente grande dificuldade de repassar para o consumidor a alta que vem da fazenda. O boi gordo subiu em torno de 20% a 22% na fazenda. No frigorífico subiu em torno de 18% a 15%. Na conta final, subiu em torno de 10% em alguns momentos. Isso mostra que os varejos não são capazes de repassar isso para o consumidor, o poder de compra da população não permite que isso ocorra e acaba limitado – salienta o consultor da Scot, Alex Lopes.
Em 2013, as fêmeas representaram 42% dos abates sob inspeção o que resultou em um cenário de oferta restrita em todas as categorias. O bezerro nelore, por exemplo, teve alta de 26% considerando a média de janeiro a agosto de 2014.
– O mercado tende a voltar ao equilíbrio em um ou dois anos, mas nós temos ainda 2014, 2015 e 2016 com um mercado firme para o boi gordo. O problema de desabastecimento da população é um perigo que não existe – afirma o presidente da Scot, Alcides de Moura Torres.
Segundo os especialistas, a valorização do dólar nas últimas semanas contribuiu para o aumento das exportações, mas pode comprometer ainda mais o poder de compra do consumidor interno.
– Isso pode aumentar a taxa de inflação que a gente tem hoje no Brasil, que já trabalha no teto da meta. Temos um cenário muito complicado na economia e isso tem que ser levado em conta, pois está limitando a valorização do mercado – diz Lopes.
A valorização da arroba do boi gordo permite ao pecuarista investir em ferramentas que vão aumentar a produção. Segundo o consultor Rafael Ribeiro, hoje, a relação de troca entre fertilizantes e produtos de origem animal é extremamente interessante.
– Hoje essa relação média considerando a ureia, o super simples e o cloreto de potássio, no caso da pecuária de corte, está 20% melhor em relação ao ano passado, ou seja, precisamos de 20% menos de arroba para comprar a mesma quantidade de fertilizante – conclui.