Análise uruguaia alega ter encontrado excesso de metais pesados no produto gaúcho
A erva-mate produzida no Rio Grande do Sul e exportada para o Uruguai vai ser analisada a pedido do Ministério Público Estadual gaúcho. O objetivo é verificar em quais condições o Ministério da Saúde Pública do Uruguai detectou excesso de metais pesados no produto brasileiro.
O Rio Grande do Sul é o maior produtor e consumidor de erva-mate do Brasil. O Estado consome 60 mil toneladas ao ano. A produção ultrapassa 500 mil toneladas e 90% das exportações brasileiras são para o Uruguai. Agora, o mercado pode estar ameaçado, já que o país vizinho detectou a presença de chumbo e cádmio no produto.
O questionamento começou em maio, depois da publicação de uma reportagem dizendo que as autoridades uruguaias haviam retirado do mercado 200 toneladas de erva-mate produzidas no Brasil, por causa da presença de níveis de chumbo e cádmio superiores ao tolerado. Ainda não foram revelados quais municípios teriam produzido a erva-mate.
– No Rio Grande do Sul, a produção de erva-mate é controlada e passa por constantes análises, que não demonstraram resultados insatisfatórios em relação aos metais citados – afirmou o coordenador da Fundomate, Valdir Zonin.
Análises feitas pelo Sindimate apontam que, por não se diluírem em água, as substâncias não trariam problemas sanitários. A diferença de legislação entre os países pode ter causado a divergência. A Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul não descarta a hipótese de uma disputa comercial, já que a Argentina estaria de olho no mercado uruguaio.
Além de passar pelo laboratório central do Estado gaúcho, quando coletadas, as amostras do produto também vão ser enviadas a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para verificar a quantidade dos metais e se há adição de açúcar em percentual diferente do informado nas embalagens.
O Ministério Público gaúcho espera um parecer da divisão de assessoramento técnico da entidade para iniciar as análises. O documento deve sair até o fim desta semana. Ainda não foram definidos quem vai fazer as coletas nas propriedades produtoras e nem quando as amostras vão estar prontas.