Área de plantio de milho deverá crescer 4,68% na próxima safra de verão no Rio Grande do Sul
Dados da Emater também indicam que cereal pode tirar espaço da soja na metade norte do Estado
Com situações de preços opostas, as lavouras de arroz e milho terão as maiores variações de área plantada na próxima safra de verão no Rio Grande do Sul. Enquanto a primeira deve encolher 5,64%, a segunda terá aumento de 4,68%.
São dados do primeiro levantamento da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) sobre a intenção de cultivo para o ciclo 2011/2012. O milho atravessa valorização. Conforme o acompanhamento de preços, a saca de 60 quilos do grão alcançou, semana passada, R$ 25,80 no Estado – 36% a mais do que no mesmo período de 2010. A novidade é que o milho, em regiões da metade norte do Estado como Erechim, Passo Fundo e Ijuí, vai roubar espaço da soja. A oleaginosa cresce para a metade sul.
– Quem faz isso é o agricultor mais estruturado em equipamentos, que vê um risco (climático) menor para o milho no norte e aumenta a área de soja na metade sul – explica o presidente da Emater, Lino de David.
David credita o movimento dos arrozeiros às dificuldades de comercialização, aos estoques elevados e também às barragens das regiões da campanha e fronteira oeste, que ainda não estariam com níveis satisfatórios. O principal fator, no entanto, está nas cotações pressionadas. Conforme a própria Emater, o preço médio pago aos agricultores no Estado na semana passada pela saca de 50 quilos estava em R$ 23,16, contra um preço mínimo do governo federal de R$ 25,80.
Plantador em Camaquã (RS), Daire Coutinho reflete o quadro do levantamento. Após plantar 800 hectares em 2010, reduzirá a lavoura em pelo menos 130 hectares. Onde possível, plantará soja.
– Todos os problemas que o arroz tem são conjunturais, que não serão resolvidos para o próximo ano – diz.
A área de soja permanece com total estável – crescimento de 0,88%. Incluindo soja, arroz, milho e feijão, a extensão a ser cultivada também permanece parecida: aumenta em 0,36%.
As estimativas ainda aguardam cenário mais claro do clima para o verão. Os números da Emater consideram uma média ponderada de rendimento dos últimos 10 anos – o que indicaria uma produção total de 23,8 milhões de toneladas, 10,23% abaixo da safra passada, beneficiada pela chuva.
Segundo o meteorologista do Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas (CPPMet) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Julio Marques, deve haver primavera com boas chuvas e precipitações um pouco abaixo da média no início do verão. Não há previsão de seca, acrescenta.