Argentina suspende importação de cortes nobres de carne suína
Segundo Câmara da Indústria de Embutidos e Afins, país proibiu a entrada de produtos de qualquer procedência
A Câmara Argentina da Indústria de Embutidos e Afins (Caicha, pela sigla em espanhol) confirmou que a importação de cortes nobres de suínos de qualquer origem está proibida pelo governo de Cristina Kirchner há semanas.
– A entrada de cortes nobres está suspensa, mas acreditamos que isso vai se reverter, porque a produção nacional não atende a demanda da indústria local – afirma o gerente da Caicha, Martín de Gyldenfeldt.
O executivo diz que os únicos produtos de suínos brasileiros que estão entrando no país são toucinho e retalhos, usados pela indústria para a fabricação de embutidos. Porém, ele detalha que, para fabricar presunto, a indústria precisa importar também alguns dos cortes nobres, como pernil. Gyldenfeldt informa ainda que está em contato com as autoridades argentinas para informar sobre a demanda da indústria e as necessidades de importação.
– Tenho fé que, quando entenderem bem os números e as necessidades da indústria, essa restrição será momentânea. Não acreditamos que vai continuar assim e essa situação poderia ser solucionado dentro de uma ou duas semanas. Os exportadores brasileiros não devem se alarmar, porque tenho fé que a situação será normalizada – insiste.
No entanto, pondera que, apesar das expectativas positivas, “a liberação não está garantida”. No caso de o governo decidir manter as restrições, Gyldenfeldt opina que a indústria “saberá se adaptar e utilizará outras carnes diferentes”.
Segundo Gyldenfeldt, a produção nacional argentina de suínos é de 3,3 milhões de cabeças e faltariam 1,3 milhão de abates para atender o consumo doméstico e substituir todas as importações.
– Se o investimento que os produtores estão realizando para aumentar o número de matrizes for sustentado pelos próximos cinco anos, a Argentina poderá ser autossuficiente em suínos. Mas até lá, precisamos importar para atender a indústria de embutidos e frios – explica.
Ele detalhou que dentro de dois anos deverão surgir os primeiros resultados do desenvolvimento do setor nacional, o que já vai reduzir as necessidades de importar o produto.
Proteção
Gyldenfeldt diz ainda que a indústria argentina precisa de certa proteção contra a indústria brasileira, “que é muito importante e grande”.
– Porém, o volume de importação de frios e embutidos suínos do Brasil é baixo e não podemos falar de danos à nossa indústria – complementa.
Segundo ele, a Argentina importa cerca de quatro mil toneladas anuais de frios e embutidos do Brasil, o que representa menos de 10% da produção nacional argentina.
– Estamos mais preocupados com a falta de importação de pernil suíno brasileiro que com a entrada pequena de frios – ressalta.
Gyldenfeldt comenta também que não tem informações sobre caminhões brasileiros carregados com carnes suínas esperando na fronteira.
– Houve um momento que nos informaram sobre o acúmulo de caminhões, mas conversamos com a secretaria de Comércio Interior e os caminhões foram liberados – complementa.