Com enfraquecimento do La Niña, chuva traz novo alento aos produtores do RS a partir de março
Abrandamento do fenômeno que intensifica seca gera prognósticos de precipitações regulares no Estado
Depois de quatro meses castigados pela seca, os municípios do oeste gaúcho com lavouras e plantações estorricadas ganham uma ponta de esperança. Um boletim divulgado esta semana pelo Centro de Previsão Climática da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), nos Estados Unidos, dá indícios de que o La Niña, que intensifica a seca, está perdendo força.
A previsão era de que a transição do La Niña – fenômeno caracterizado pelo resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico – para o que os meteorologistas chamam de neutralidade climática só ocorresse em maio. Os prognósticos, entretanto, têm apontado chuva regular já a partir do mês que vem. Na primeira quinzena de março, por exemplo, deve haver três frentes frias.
– Há chance de o El Niño retornar no segundo semestre deste ano, mas por enquanto o que temos certeza é de que a neutralidade climática predominará entre o outono e o inverno no Hemisfério Sul. A recuperação das áreas afetadas pela seca está próxima, mas sem prazo definido – disse Estael Sias, da Central de Meteorologia.
Estael explica que os motivos para a antecipação em dois meses da redução do fenômeno não são claros. Ela lembra, no entanto, que a atmosfera demora a responder aos efeitos dos fenômenos oceânicos. Por isso, será nos meses de outono que frentes frias e ciclones extratropicais deverão trazer chuvas intensas que, gradativamente, recuperarão os recursos hídricos.
Esta foi uma das temporadas mais intensas do La Niña, conforme a meteorologista, com chuvas mal distribuídas. Além da atuação do fenômeno, à temporada também se somou outro incidente: o vento Norte que soprou constantemente sobre o Rio Grande do Sul, principalmente nos meses de janeiro e fevereiro.
Este vento é responsável por trazer calor e umidade da região da Amazônia, provocando ondas de calor e contribuindo para a formação de um bloqueio atmosférico que impedia as frentes frias de ingressarem no Estado.