Custos de produção ameaçam agronegócio
Alta carga tributária e gastos cada vez maiores com energia, logística, mão de obra e insumos são alguns dos sintomas de uma nova "praga" que tem afetado a produção agropecuária brasileira. Segundo o economista José Roberto Mendonça de Barros, "a doença dos custos altos, que é comum no setor industrial, está chegando ao agronegócio". Durante palestra no Fórum Internacional de Estudos Estratégicos para Desenvolvimento Agropecuário e Respeito ao Clima, semana passada, em São Paulo, Mendonça de Barros ressaltou que esses são problemas que devem ser atacados, mas que não serão resolvidos no curto prazo. A alta das commodities no cenário internacional ameniza a situação, que, no entanto, poderia piorar diante de uma quebra de produtividade por causa do clima. Conforme o economista, produtores que fornecem para o mercado interno se veem em situação menos confortável. "Os produtores de arroz e suínos, por exemplo, estão tomando prejuízo."
O consultor Carlos Cogo acrescenta como outros agravantes o déficit de armazenagem no país e a elevação nos preços dos fertilizantes - cerca de 20% no último ano. "Hoje, o produtor colhe e é obrigado a vender em seguida porque o Brasil não tem armazenagem para uma safra toda." O cenário atual, segundo ele, é resultado do aquecimento da economia. "Quem acaba pagando esse custo é o produtor." Com um Porto à disposição, o Rio Grande do Sul está em vantagem frente a outros estados brasileiros. O maior problema enfrentado pelos gaúchos, na opinião do economista, é a baixa produtividade e a falta de investimentos em irrigação no Estado. "Tivemos sequencia de quebras de safra, mas as medidas anunciadas a cada novo governo são frágeis", avalia. O consultor também sugere incentivo ao escoamento por meio de ferrovias e hidrovias.