Estiagem castiga famílias e plantações no Rio Grande do Sul
Com baixos índices de chuva há mais de um ano, famílias gaúchas sofrem com a falta de abastecimento de água potável e com as perdas na agricultura
A escassez de chuvas vem castigando a região das Missões, no Rio Grande do Sul. Na cidade de São Luiz Gonzaga, pelo menos 14 famílias enfrentam falta de água para o consumo e a agricultura também está sendo prejudicada.
Há oito meses, um caminhão improvisado faz a distribuição de água nas comunidades do município. Para piorar a situação, o veículo utilizado está estragado. Na casa da técnica agrícola Márcia Moraes Morais, o caminhão não vem há mais de 15 dias e a família precisa improvisar para conseguir água.
Quando chove, a água que cai do telhado é armazenada em um reservatório. Devido à sujeira que vem junto com ela, Márcia só a utiliza para limpar a casa e matar a sede dos animais. Para o consumo, no momento, a família depende dos vizinhos.
– Já faltou água várias vezes, mas tem um poço do vizinho ali que tem pouca água, mas dá pra ir se virando. Tem que economizar bastante – disse a técnica agrícola.
A escassez de água na região já se arrasta por mais de um ano. O poço de 26 metros de profundidade está praticamente seco e essa é a mesma situação de muitas localidades. Conforme um levantamento da defesa civil do município, dos 30 poços existentes, oito estão inativos e, naqueles que ainda têm água, o nível não ultrapassa os 40 centímetros.
A produção agrícola também sente os reflexos da falta de chuva e do calor excessivo. Os produtores de São Luiz Gonzaga esperavam colher 80 sacas de milho por hectare. Mesmo antes de fazer a colheita, porém, as perdas já chegam a 30%, conforme a Emater/RS.
No período de floração, a falta de chuva atrapalhou o desenvolvimento da planta. O resultado foram espigas que não cresceram, além de má formação dos grãos.
– Em uma safra normal, a espiga estaria com o dobro do tamanho, até um pouco mais. O grão é pequeno, é miúdo, mal formado, é mais sabugo do que grão. A situação está bem problemática – afirmou Mauricéia Bremm, técnica da Emater/RS.
Segundo ela, a quebra na produção pode ser ainda maior, caso não chova nos próximos dias.
– Se houver uma estiada maior, de mais uns 15 a 20 dias sem chuva, a tendência é piorar. Esses 30% perdidos não voltam mais, mas se seguir sem chuva o prejuízo vai aumentar.
A prefeitura informou que o caminhão deve voltar a fazer o abastecimento de água nas comunidades apenas na semana que vem.