FEE estima quebra de cinco milhões de toneladas de grãos na safra de verão no Rio Grande do Sul
Segundo estimativa, safra de milho é a que deve apresentar maior índice de quebra
A estiagem que atingiu os produtores do Sul do país desde dezembro de 2011 provocou uma quebra estimada em cinco milhões de toneladas de grãos na safra de verão, em comparação com ciclo anterior, segundo previsão divulgada nesta terça pela Fundação de Economia e Estatística (FEE) do Rio Grande do Sul.
Há pelo menos quatro meses os produtores das regiões noroeste gaúcho não registram chuvas nas lavouras. De acordo com Aldo Valmor Schmidt, técnico agrônomo da Emater, essa é uma das áreas do Estado mais afetadas pela seca. Em algumas propriedades, as perdas passam dos 70%.
– Os rendimentos são, infelizmente, bem abaixo daqueles esperados.
O produtor rural Daniel Miron contabiliza perdas em seus 520 hectares de soja. O prejuízo já chega a R$ 1 milhão.
– Nós pretendíamos colher no mínimo 50 sacas por hectare. Agora não vamos tirar nem a semente da colheita.
O impacto da seca vai muito além do bolso do produtor, e já reflete no desenvolvimento da economia gaúcha. A soja, por apresentar mais extensão de área plantada entre os grãos, deve ser a cultura com a maior perda de valor bruto da produção, representando 55,24% do total de grãos produzidos.
De acordo com a estimativa da FEE, as quebras podem chegar a 41,89% na safra de milho, 22,33% na produção de soja, 7,30% na de arroz e 6,47% na de feijão. Para o economista da Fundação Vanclei Zanin, os números podem aumentar, já que a safra de verão ainda está sendo colhida.
– A estimativa inicial da Emater pra esse ano era em torno de 23 milhões de toneladas, um pouco mais que isso. E agora, com a estiagem, está abaixo de 18 milhões, a expectativa.
Para Zanin, outros períodos de seca poderão ocorrer e devem exigir planejamento por parte dos produtores.
– O escalonamento da plantação, a busca do seguro para safras possíveis, reivindicação de direitos e pressão política para que suas reivindicações políticas sejam atendidas.
O presidente da Cooplantio, Daltro Benvenuti, sugere cautela nesse momento em que os produtores estão contabilizando as perdas.
– Eu diria que ele tem que vender o grão para pagar a conta, tão somente para isso. Pra investimentos e outras coisas, ele tem que segurar porque eu acho que vai ter uma reagida no mercado.
Segundo a estimativa, a seca também deve influenciar na previsão menor do PIB agropecuário em 2012. No ano passado, a soma das riquezas produzidas pelo Estado, atingiu 18,8% devido à supersafra. Para esse ano, a queda já é esperada por especialistas.
– É difícil que por 2 anos consecutivos se reúnam as condições de produtividade e clima que permitiram que a safra de 2011 fosse tão favorável. Mas a esse fator se somou também a estiagem, que talvez não seja tão grande como se esperava, não vai ser tão profunda quanto a de 2004/2005, mas deve também provocar uma queda de no nosso PIB agropecuário – afirma Cecília Hoff, economista da FEE.