Ganho por hectare deve ficar em R$ 602, contra R$ 984 do ciclo anterior
Os produtores de grãos do Rio Grande do Sul vão ter dificuldade para fechar as contas nesta safra. A previsão está em um estudo divulgado nesta terça-feira, dia 16, pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro).
Na soja, os dados sinalizam que a rentabilidade dos produtores deve ficar em R$ 602 por hectare, contra R$ 984 da safra passada. O custo total de produção deve chegar a R$ 2.097 por hectare, contra os R$ 1.766 do ciclo anterior. Com preço médio de R$ 54 reais por saca, o produtor precisará produzir, no mínimo, 40 sacas por hectare para equilibrar os custos. No Rio Grande do Sul a média é de 44 sacas.
O levantamento levou em conta a relação de insumos básicos, com padrão médio de uso de tecnologias para a implantação das lavouras. E considerou o uso de sementes tratadas, a quantidade de fertilizantes e agroquímicos.
– Fizemos um trabalho junto às cooperativas do Rio Grande do Sul e vimos que o produtor tem aumentado muito o uso de tecnologias. Quando você aumenta o uso de tecnologia você aumenta o custo, mas aumenta a produtividade – diz o presidente da Fecoagro, Paulo Pires.
O estudo não levou em consideração o uso da semente transgênica de segunda geração, a Intacta RR2 Pro. No Estado, apenas 20% da área deve ser cultivada com a variedade.
Milho e trigo
Se na soja o lucro será menor, a notícia para os produtores de milho e trigo é ainda menos animadora. O cálculo realizado pela Fecoagro aponta que a receita obtida com a venda dos produtos vai serinsuficiente para cobrir os custos de produção.
Na safra passada, o produtor de milho gastou R$ 2.154 por hectare, valor elevado para R$ 2.183 no atual ciclo. Diante disso, e levando e consideração os preços da saca, a tendência é de que o agricultor tenha um prejuízo de R$ 83 por hectare. Segundo a Fecoagro, para fechar as contas o produtor vai ter que aumentar a produtividade. Da média atual de 85 sacas para 104 por hectare para zerar as contas.
No trigo a situação é mais crítica. O preço está 23% abaixo do mínimo. A queda das cotações e a incerteza em relação à comercialização preocupa o setor produtivo.
– Nós temos que exercer o PGPM (Programa de Garantia de Preços Mínimos). Eu sei que o governo não vai fazer para toda produção, mas uma boa parte, principalmente no Rio Grande do Sul, vai ter que ser contemplada – afirma Pires.