Inicio da floração é momento mais adequado para aplicação de adubos via foliar
Áureo Lantmann*
Finalizamos a segunda Caravana Soja Brasil, desta vez pelo estado de Mato Grosso do Sul. Foi expressivo o número de agricultores que ouviram as mensagens transmitidas pelos palestrantes e bem no momento, final de setembro, em que logo estará semeada a soja da safra 2014/2015.
Como sempre tem sido, no inicio de cada safra de soja há certa apreensão da parte dos agricultores, o que é normal, porém nesta safra nota-se uma preocupação justificada com os custos de produção.
Custos de produção podem ser reduzidos, sem que se comprometa o rendimento da soja. Alguns insumos são totalmente dispensáveis, para obtenção de alta produção. E tem sido comum nas últimas safras o uso quase indiscriminado de produtos sem nenhuma chance de retorno econômico.
A aplicação de nutrientes às folhas das plantas, com o objetivo de complementar ou suplementar as necessidades nutricionais das mesmas, não é uma prática nova, sendo conhecida há mais de 120 anos.
Apesar de todos os conhecimentos e de algumas vantagens, o uso dos principais nutrientes em pulverização foliar tem sérias restrições. A utilização de sais solúveis de NPK, deste modo, somente pode ser feita em baixa concentração, sendo necessárias, várias aplicações para atingir a adequada quantidade de nutrientes, nas plantas, capaz de afetar significativamente a produção. Quando a concentração é aumentada, pode ocorrer a queima das folhas. Na prática, têm sido obtidos resultados muito inconsistentes quanto à sua eficiência, havendo ainda inúmeros pontos obscuros a serem estudados, sem o que não será possível sua utilização em larga escala.
A adubação foliar normalmente é tratada de forma muito genérica ou dando uma perspectiva exagerada do efeito, sem a consideração de uma série de particularidades que seu emprego requer.
Qual o objetivo da adubação foliar?
A) Corrigir as deficiências? B) Complementar à adubação do solo? C) Suplementar à adubação do solo durante todo o ciclo da cultura? D) Suplementar à adubação de solo no estádio reprodutivo da soja?
Se as necessidades nutricionais da soja, quantificadas e função da interpretação dos resultados de análises de solo, foram atendidas via adubação no solo, as adubações via foliar provavelmente serão inócuas.
A maior questão sobre a adubação foliar para a soja é “Quando de deve aplicar adubo foliar?”.
Na verdade há necessidade de um diagnóstico, em que se considere:
1) resultados de análise de solo;
2) resultados de análises foliar de anos anteriores, complementados com índices do DRIS;
3) conhecimentos da adubação utilizada no ano e principalmente das adubações de anos anteriores;
4) histórico de sintomas de deficiências em anos anteriores principalmente de micronutrientes;
5) considerar as resposta apresentadas com o uso de adubos foliares em, anos anteriores.
Sem esse conjunto de informações, adubação foliar na soja fica sem objetivo e sem parâmetro de referência para sua recomendação.
Nos casos de cobalto e molibdênio e do manganês, há argumentos técnicos para suas recomendações via foliar. Cobalto e molibdênio, quando não foram adicionados via sementes, em que pese ser esta ainda a mais eficiente forma de adubação para esses dois nutrientes, pode se optar pela via foliar. Para o manganês, quando surgirem sintomas ainda no período vegetativo, se recomenda a via foliar.
*Áureo Lantmann é engenheiro agrônomo, foi pesquisador da Embrapa Soja e é consultor técnico do Soja Brasil desde a primeira edição, safra 2012/2013