Justiça solta três envolvidos com adulteração de leite
A Justiça acolheu pedido do Ministério Público (MP) do Rio Grande do Sul e soltou nesta sexta, dia 24, três supostos envolvidos com a adulteração do leite que haviam sido presos na quarta, dia 22. O transportador Antenor Signor, o irmão dele, o agricultor Adelar Signor, e o motorista Odirlei Fogalli, moradores de Rondinha, aguardarão o andamento do inquérito e, se for o caso, responderão ao processo em liberdade, podendo ser beneficiados com redução de penas por ter colaborado com a investigação.
Em depoimento, Antenor Signor admitiu que adulterava o leite que transportava adicionando uma mistura de ureia e água ao volume que recolhia de produtores rurais para entregar num posto de resfriamento em Selbach, de onde a carga era enviada à Confepar, do Paraná. Ao mesmo tempo, inocentou Adelar Signor, afirmando que ele não participava da fraude. Fogalli também conduzia caminhões de recolhimento de leite na região e teria conhecimento da adulteração. A Confepar emitiu nota afirmando que as suspeitas de que comprava leite adulterado são infundadas e "uma estratégia da quadrilha responsável pela adulteração" para, com isso, "desviar a atenção da mídia e da investigação para as indústrias".
Desde que os promotores e uma força policial começaram a cumprir mandados de prisão, no dia 8, foram detidos 13 acusados. Os três liberados nesta sexta se somam a outros dois que foram soltos no mesmo dia do depoimento, em 8 de maio. Os outros oito continuam presos. O promotor Mauro Rockenbach afirma que a investigação prossegue e pode chegar a novos suspeitos na próxima semana.
Entenda o caso
As investigações do Ministério Público do Rio Grande do Sul tiveram início em fevereiro deste ano e comprovaram que empresas gaúchas de transporte de leite adulteraram o leite cru entregue para a indústria. Uma das formas de adulteração identificadas é a da adição de uma substância semelhante à ureia e que possui formol em sua composição. A adulteração consiste no crime hediondo de corrupção de produtos alimentícios, previsto no artigo 272 do Código Penal.
A simples adição de água, com o objetivo de aumentar o volume, acarreta perda nutricional, que é compensada pela adição da ureia – produto que contém formol em sua composição – e é considerado cancerígeno pela Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer e pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
A fraude foi comprovada através de análises químicas do leite cru, onde foi possível identificar a presença do formol, que mesmo depois dos processos de pasteurização, persiste no produto final. Com o aumento do volume do leite transportado, os "leiteiros" lucravam 10% a mais que os 7% já pagos sobre o preço do leite cru, em média R$ 0,95 por litro. As marcas que tiveram lotes de leite suspensos do mercado são Italac, Bom Gosto/Líder, Mu-Mu, Latvida, Hollmann, Goolac e Só Milk.