Preço do adubo sobe cerca de 20% com alta do dólar
Justificativa é que boa parte da matéria-prima é importada
A alta do dólar refletiu no preço dos fertilizantes no Brasil. Segundo a indústria, o adubo subiu 20%. A justificativa é que boa parte da matéria-prima é importada.
A composição básica de um fertilizante leva nitrogênio, fósforo e potássio, o famoso NPK, que os produtores conhecem muito bem. Cerca de 65% destas substâncias vem de fora, são importadas e cotadas em dólar. E mesmo o que é produzido no Brasil tem os preços baseados na cotação internacional.
Isso é o que justifica o aumento de até 20% nos preços nos últimos dias, diz o representante da indústria. Este ano devem ser comercializados no Brasil 26 milhões de toneladas de fertilizantes, nove milhões até o fim do ano.
– Aquilo que não foi comprado vai sofrer aumento ou a redução do dólar. Subiu o dólar, subiu o preço dos fertilizantes. Se baixar, vai baixar no mesmo dia, na mesma hora – afirma o diretor da Associação dos Misturadores de Adubo do Brasil, Carlos Eduardo Florence.
Na agricultura brasileira, os produtores de grãos são os que mais sentem no bolso o aumento dos fertilizantes. Só as lavouras de soja usam um terço de tudo que a indústria coloca no mercado. Mas o reflexo é sentido em todas as atividades.
Segundo a indústria o segmento da fruticultura consome menos de 2% dos fertilizantes. Mas o adubo que precisa ser usado nesta época já subiu 15% nos últimos dias.
O produtor Henrique Losque cultiva cinco variedades de frutas. O adubo que está sendo aplicado nos pés de maçã deve ajudar na manutenção da planta. No mês passado ele comprou um tonelada de fertilizante e pagou R$ 920. Se precisar comprar mais, hoje ele vai pagar R$ 1,048 mil.
– É custo a mais. Não tem como trabalhar. Não adianta você falar que subiu por causa do insumo, tem que ver a oferta e a demanda. Se aquele produto no mercado está naquele preço, não tem possibilidade de subir o preço – ressalta o produtor.
Toda a linha de fertilizantes que o empresário Marcelo José Colet vende em sua loja teve aumento nos últimos dias. É ele quem fornece a adubo ao Henrique. Marcelo diz que toda semana compra 15 até 20 toneladas. Até o dia 20 do mês passado, ele usava como referência a tabela de preços da indústria, mas agora tem que consultar a cotação do mercado todo dia.
– A indústria não repassou pra nós a condição de estabilidade ainda, que a gente poderia passar um prognostico mais preciso para o produtor. Podemos ter ainda um novo reajuste de preços para o produtor – revela.
Os preços que chegam ao mercado e, no fim das contas no produtor, são fixados com um mês de antecedência, diz o diretor do departamento de agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Benedito da Silva. O que, de certa forma, explica a preocupação de quem distribui como o Marcelo, e de quem compra, como o Henrique.
– Os preços, por exemplo, do mês de novembro são feitos com base no dólar médio do mês de outubro, aonde vai se captar parte boa destes aumentos que já tivemos no dólar. Agora, dólar, ninguém sabe. Todo mundo que faz previsão erra. Então é uma coisa complicada – conclui.