Redução de CCS e CBT

No programa anterior, comentei sobre o Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite (PNQL), os objetivos deste, as Instruções Normativas IN 51/2002 e da IN 62/2011  e os parâmetros de qualidade com maior ênfase na CCS e na CBT.

No entanto, não basta identificarmos os problemas, precisamos apresentar soluções. Baseados nesta busca de qualidade seguem algumas informações importantes para redução da CCS e das CBT.

Lembrem-se que a produção de leite de alta qualidade implica na necessidade de um adequado manejo nutricional, fitossanitário e, principalmente, de ordenha que reduza a contaminação microbiana, química e física do leite. Tais medidas de manejo envolvem todos os aspectos de saúde, bem estar animal e obtenção de leite de forma rápida, eficiente e sem riscos para a vaca e a qualidade do leite.

 

A Contagem Padrão em Placas (CPP) ou Contagem Bacteriana Total (CBT), como já comentei, determina o número de Unidades Formadoras de Colônia por ml de leite, ou seja, quantifica quantas bactérias existem neste ml de leite; quanto maior for este valor, maior será o número de patógenos nocivos à saúde humana e, consequentemente, pior será a qualidade do leite. A CPP ou CBT alta indica a falta de higiene na ordenha, utensílios e equipamentos desta, e/ou refrigeração inadequada do leite. Para baixar a CBT devemos:

         Manter a higiene pessoal, dos utensílios e da sala de ordenha;

         Fazer a rotina diária da limpeza dos equipamentos;

          Resfriar rapidamente o leite e manter a temperatura baixa (temperatura máxima de 4o C em até 3 horas após a ordenha);

          Usar corretamente os produtos de limpeza recomendados;

 

Já a Contagem de Células Somáticas (CCS) quantifica as células presente em um ml de leite. Vários fatores afetam a CCS de um animal: o estádio de lactação (no final da lactação a CCS tende a aumentar, devido ao aumento das células de descamação do epitélio secretor da glândula - úbere) e o nível de produção são alguns desses fatores, mas a infecção intramamária (mamite) é o fator que mais afeta a CCS do leite (ocorre transferência das células de defesa do sangue para a glândula mamária para combater a infecção). Conclui-se que CCS alta é indicativo de vacas com mamite e/ou vacas velhas de leite (muito tempo lactando, mais de 15 meses). Para baixa-la devemos:

a)      Fazer manejo correto da ordenha(local adequado, testes, sanitizantes e desinfetantes);

b)      Cuidar a sequência da ordenha (entrada dos animais - primíparas sadias; multíparas sadias no estagio inicial da lactação; multíparas sadias no estagio avançado da lactação; fêmeas com mastite clinica);

c)      Descartar vacas c/ mamites crônicas;

d)     Evitar manter em ordenha, vacas c/ período de lactação maior que 10 meses;

e)      Fazer a manutenção do equipamento de ordenha periodicamente (troca de teteiras, mangueiras e regulagem do vácuo e do pulsador);

f)       Não deixar leite residual no úbere;

g)      Tratar as vacas secas (sem lactar);

h)      Manter as vacas secas por um período de 45 a 60 dias;

 

 

Em fim, a CBT e a CCS são ferramentas que o produtor deve usar para avaliar a qualidade do leite de suas vacas.  Pois estudos demonstram que rebanhos leiteiros que apresentam amostras de leite com CCS acima de um milhão por ml (1.000.000 CS/ml) estão perdendo dezoito por cento (18%) de sua produção; já em casos de resfriamento inadequado, ou seja, se o leite não atingir uma temperatura de quatro graus centígrados (4ºC) em 3 horas após a ordenha, pode dobrar ou triplicar o número de bactérias em 24 horas, acarretando numa perda da qualidade do leite. Portanto, com os mesmos custos de alimentação, manejo e sanidade do rebanho o produtor está deixando de produzir 18% a mais no volume de leite e recebendo menor valor pelo litro de leite.

Fonte: Médico Veterinário Thiago Cantarelli - Cotrifred FW