Representantes dos municípios da região debateram estratégias para melhorar o uso, manejo e conservação dos solos.
Engajados com um tema-chave para o desenvolvimento da região em que predomina a agricultura familiar, prefeitos, secretários municipais de agricultura, representantes da Emater/RS-Ascar e de Sindicatos dos Trabalhadores Rurais participaram de reunião de trabalho nesta terça-feira (16/09), para estabelecer estratégias para melhorar o uso, o manejo e a conservação dos solos. A necessidade do debate foi fortalecida, de forma especial, diante dos prejuízos causados por enxurradas e intempéries na agricultura e na economia regional.
"A discussão é importante em um contexto de chuvas fortes, que ocorreram no final do mês de junho, causando prejuízos nas estradas, lavouras cultivadas "morro abaixo", facilitando o escorrimento da água, causando comprometimento de pontes, pontilhões e bueiros, entre outras tantas preocupações", destacou o prefeito de Santo Cristo, José Luís Seger, que coordenou a reunião na condição de presidente da Associação dos Municípios da Grande Santa Rosa (AMGSR).
O gerente da região administrativa da Emater/RS-Ascae de Santa Rosa, Amauri Coracini, parabenizou às autoridades e demais profissionais presentes por aceitarem o desafio de pensar em estratégias. "São necessárias parcerias para avançar com diagnóstico, estratégias e ações, lembrando que é necessário também ouvir os agricultores, protagonistas deste processo", destacou Coracini.
A partir da reunião realizada nesta semana serão realizadas plenárias municipais até o próximo dia 15 de novembro. As demandas e sugestões destacadas nas discussões dos municípios serão debatidas em fórum regional, previsto para o dia 28 de novembro, quando serão definida estratégias de ação.
Sustentabilidade ambiental e uso racional do solo
Um diagnóstico da situação local e possibilidades de ação foram apresentados pelo assistente técnico estadual da Emater/RS-Ascar em Manejo de Recursos Naturais, Edemar Streck, durante o encontro desta terça-feira. Conforme Streck, o momento é de resgate de um contexto de maior preocupação com o solo, evidenciada na trajetória da região em oportunidades como o Programa de Microbacias (1983-1994) e a propagação da proposta de semeadura direta. "Houve um desleixo histórico que teve seu pontapé inicial com o desmanche dos terraços, uma vez que se acreditava que a simples prática da semeadura direta resolvia os problemas de erosão e que se tornava mais difícil a manobra das máquinas", explica o assistente técnico.
Com o tempo, segundo Streck, surgiram outros problemas, entre eles, as consequências do plantio morro acima, morro abaixo. As linhas de semeadura tornam-se, neste sistema, um canal de escoamento da água.
Além disso, Streck pontuou aspectos a serem observados, como a compactação do solo gerada pela intensa trafegabilidade; alta infestação de invasoras; necessidade de cobertura do solo; adaptabilidade das máquinas a sistemas sustentáveis; adequação do manejo ao tipo de solo; implantação de modelos de produção sustentáveis; entre outros. "As altas perdas de insumos, num montante de 35 milhões de reais em 198 mil hectares da região no último mês de junho, reflete também uma situação de falta de práticas conservacionistas", alertou Streck.
Outro dado que chamou atenção, apresentado pelo assistente técnico regional da Emater/RS-Ascar em Crédito, Gilberto Jaenisch, é de que dos 20 municípios mais recorrentes em Proagro no Estado, 40% estão na região da Grande Santa Rosa, representando, segundo ele, a inaptidão de muitas dessas áreas à cultura implantada. Neste contexto, há a necessidade de melhorar o sistema de plantio direto e a conservação do solo de uma forma geral, tanto em áreas da integração lavoura-pecuária de leite quanto nas áreas de produção de grãos, integrando as estradas e as áreas cultivadas. Além disso, se faz necessário um trabalho de reconversão do sistema produtivo das propriedades que recorrem seguidamente ao seguro agrícola.