Retorno das chuvas ameniza problemas nas lavouras do RS

Retorno das chuvas ameniza problemas nas lavouras do RS

  
Crédito: Alciane Baccin

A retomada da umidade do solo com as recentes chuvas serviu para estancar a queda do potencial produtivo de boa parte das lavouras de milho no Rio Grande do Sul, cuja maioria (37%) está na fase de enchimento de grãos. Mesmo com a chuva, a recuperação total em parte delas não será possível. De acordo com o Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar, em alguns casos houve morte prematura das folhas, espigas mal formadas e grãos de tamanho reduzido, o que reduzirá os rendimentos, apesar de que até o momento não há indicador de quebra significativa na produção esperada para esta safra. As primeiras lavouras de milho colhidas (1% do total plantado) apresentam produtividade acima do esperado inicialmente, que era de 4.912 quilos de milho por hectare. Em casos pontuais, as áreas mais prejudicadas serão utilizadas para silagem.

As chuvas também beneficiaram as lavouras de soja e as plantas já emitem novos brotos, o que pode auxiliar na recuperação do desenvolvimento da cultura. A estatura das plantas é baixa, as folhas pequenas e a distância entre os nós é curta. A estiagem de fins de dezembro apenas atrasou o desenvolvimento vegetativo das plantas, que hoje atinge 88% das lavouras no Estado. No momento, os agricultores monitoram e controlam pragas, principalmente lagartas, encontradas nas lavouras com mais intensidade.

Prejudicada pela falta de umidade, quase 1/3 das lavouras de feijão está colhida, 31% estão maduras e por colher e 24%, em enchimento de grãos. Em algumas áreas, houve abortamento das flores e vagens e redução do tamanho dos grãos, que reduzirá a lucratividade de lavouras. Mesmo assim, sem uma maior avaliação, a produtividade média segue dentro do inicialmente previsto, que é de 1.260 quilos de feijão por hectare.

Para a cultura do arroz, as condições meteorológicas das últimas semanas têm sido benéficas. A alta luminosidade e temperaturas elevadas favorecem o desenvolvimento da cultura, que está com 86% em desenvolvimento vegetativo, 10% em floração e 4% em enchimento de grãos. Apesar do descompasso em relação aos anos anteriores, com a média de 25% em floração para esta época do ano, as lavouras no geral apresentam bom padrão, com emergência e desenvolvimento vegetativo dentro da normalidade. 

FRUTAS
A fruticultura no geral está sendo beneficiada pelo clima. O abacaxi do Litoral Norte está em franco desenvolvimento e 15% das lavouras estão colhidas, com uma produtividade em torno de 25 toneladas por hectare. Até o momento as lavouras têm se mostrado muito sadias, beneficiadas pelo calor e insolação. Na venda direta ao consumidor, três unidades de abacaxi são comercializadas em média a R$ 10,00, sendo que produtores orgânicos estão com preço médio de dois abacaxis de 800g por R$ 10,00. Por haver ainda pouco produto no mercado, devido à colheita estar no início, a tendência é que o preço reduza à medida que houver mais oferta do produto no mercado.

Também no Litoral Norte, os bananais estão em produção e os frutos em ponto de colheita com boa qualidade. A cotação da banana caturra é considerada boa, com preços ainda acima da média histórica. Na semana que passou, o preço de referência pago ao produtor foi cotado em até R$ 24,00 a caixa com 20 kg para o tipo de melhor qualidade.

Os citricultores do Vale do Caí realizam roçadas nos pomares, poda e tratamentos preventivos de doenças. Nesta época inicia o raleio nas bergamoteiras, que consiste na retirada de parte das frutas verdes no início do seu crescimento, permitindo que as frutas que ficam na planta tenham melhor desenvolvimento, atingindo um diâmetro maior e com melhor qualidade. Além disto, o raleio evita o problema de alternância, que é a planta cítrica produzir grande número de frutas em uma safra e pequena quantidade na safra seguinte. A falta de chuvas não prejudicou os citros, que têm raízes profundas, resistindo à falta de chuva por um período maior do que os cultivos anuais. Perspectivas indicam redução da produção de laranjas e a repetição de uma boa safra de bergamota.

Na região Sul, a colheita do pêssego está praticamente encerrada, restando apenas cultivares tardias, que representam pouco no universo da cultura. A safra foi com frutos de bom tamanho e bom rendimento, além do preço, que teve seu valor reajustado nesta safra. No Alto da Serra do Botucaraí, as cultivares de ciclo tardio, como Chiripá e Della Nona, estão em plena colheita, com frutos de boa qualidade devido à forte insolação, que conferiu coloração e bom teor de açúcar.

Na Serra, inicia a colheita da uva de cultivares superprecoces destinadas à industrialização. As altas temperaturas forçaram a maturação das variedades precoces, com as uvas apresentando boa qualidade e rendimentos regulares. Já no Vale do Caí, o município de Vale Real se destaca na produção de uvas, com uma área de 326 hectares de parreirais, com o predomínio da cultivar Niágara, que soma 255 hectares de parreirais. Toda a uva é para o consumo ao natural. Nesta safra há uma grande procura pela uva, pois além da menor oferta (produtividade menor 25% que na safra passada), a ocorrência de perdas por granizo nos parreirais da Serra gaúcha deverá determinar menor oferta de uvas no mercado.

Fonte: Emater