Rio Grande do Sul deverá registrar poucas chuvas no verão

Com efeito direto do La Niña no Estado, estação terá precipitações abaixo da média ao longo dos próximos três meses

A chuvarada que caiu nessa quarta, dia 30, sobre o Rio Grande do Sul deverá ser um acontecimento pouco comum para os gaúchos durante o verão. Depois do novembro mais seco da última década, a previsão é de que o Estado tenha precipitações abaixo da média também ao longo dos três próximos meses.

Algumas regiões do Estado poderão ter um déficit mensal de 75 milímetros de chuva em dezembro, janeiro e fevereiro, conforme o boletim divulgado esta semana pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e pelo Centro de Pesquisa e Previsões Meteorológicas (CPPM), da Faculdade de Meteorologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). As reduções deverão ser mais acentuadas no Nordeste do Rio Grande do Sul, em dezembro, e no Sul, em fevereiro. Em alguns casos, elas correspondem à metade das precipitações normais do mês.

A falta de chuva no Estado, explica o meteorologista e professor da Faculdade de Meteorologia da UFPel Gilberto Diniz, é efeito direto do La Niña, o fenômeno climático caracterizado pelo esfriamento das águas do Pacífico Equatorial. O La Niña atual se manifesta desde o ano passado, mas, depois de reduzir sua atividade no início de 2011, ele voltou a se intensificar a partir de meados do ano, embora ainda seja um dos menos intensos já registrados.

Em anos de La Niña, as frentes frias chegam com menos frequência ao Estado e, quando chegam, passam rapidamente pelo território gaúcho, deixando poucos acumulados de chuva – como aconteceu nessa quarta, quando as cidades com maiores precipitações, como Lagoa Vermelha e Rio Pardo, receberam em torno de 20 milímetros (mm), enquanto outras, como Passo Fundo e Canela, apenas três e quatro milímetros, respectivamente.

– Foi um ótimo exemplo do que teremos no verão. Uma frente fria que “varreu” o Estado em menos de 24 horas e, por isso, não despejou muita água por aqui – diz Estael Sias, da Central de Meteorologia.

A estiagem, no entanto, não deve influenciar as temperaturas da estação.

– As máximas e mínimas ficarão dentro da normalidade do verão – afirma Felipe Farias, meteorologista do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Cptec/Inpe).

Fonte: ZERO HORA