Rio Grande do Sul estuda decreto único de emergência devido à estiagem

Governo estima que número de cidades afetadas chegue perto de 200 nas próximas semanas

 

O Rio Grande do Sul estuda um decreto único de situação de emergência para todos os municípios afetados pela estiagem. A medida permitiria acesso mais rápido, para agricultores atingidos pela falta de chuva, a recursos governamentais.

 

Até esta quarta, dia 4, pelo menos 48 cidades haviam decretado emergência, mas a lista pode chegar perto de 200 nas próximas semanas com a inclusão de cerca de 50 municípios da região de Santa Maria e outros 80 próximos a Passo Fundo, segundo o governador em exercício, Beto Grill, que ocupa o cargo durante as férias de Tarso Genro.

 

– Não temos grandes dificuldades em relação ao abastecimento humano, mas a agricultura vem tendo prejuízos significativos – disse Grill.

 

Em entrevista nesta quarta, no Palácio Piratini, Grill disse ter conversado com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, sobre o apoio aos produtores – especialmente de milho – que terão dificuldades de honrar financiamentos bancários devido à estiagem. A preocupação do Estado é porque algumas cidades não se enquadram em todos os pré-requisitos para o decreto de emergência, já que os reservatórios ainda estão em níveis aceitáveis. Assim, os agricultores acabam sem acesso aos seguros dos financiamentos, que usam, como um dos critérios, o decreto.

 

O conselho para que o Estado emitisse um decreto de situação de emergência único, listando todos os municípios com dificuldades na agricultura, teria sido uma sugestão da ministra, segundo Grill. Uma etapa da burocracia seria queimada. O Rio Grande do Sul estima em R$ 500 milhões os prejuízos na safra com a estiagem.

 

Por enquanto, os 322 municípios atendidos pela Corsan não registram problemas significativos de falta de água nas torneiras, informou o diretor de saneamento da Secretaria de Habitação, Saneamento e Desenvolvimento Urbano do Estado, Guilherme Barbosa. Apenas em algumas localidades, mais afastadas das cidades, vem sendo usado caminhão-pipa. A preocupação que havia sobre o nível nos rios dos Sinos e Gravataí foi reduzida pelas chuvas recentes – subiram de um metro e cinco centímetros a dois metros acima do nível crítico.

 

– Mesmo que não chova durante dez dias, não teremos problemas para a população. Estiagem maior do que isso, porém, volta a preocupar – explicou Barbosa.

 

Mais de 280 mil atingidos

 

Segundo a Defesa Civil, há 282,8 mil pessoas atingidas pela falta de chuva no Rio Grande do Sul. Nesta quarta, um dos municípios a decretar situação de emergência foi Selbach, no noroeste do Estado. A cidade registra perdas de aproximadamente R$ 9 milhões. Segundo o secretário municipal de Agricultura, Florêncio Urbano Filho, a falta de chuva compromete áreas de soja, milho e também a bacia leiteira. Situação semelhante vive Santo Augusto, na mesma região, onde os efeitos da estiagem espalham-se pelas lavouras de milho, onde as perdas podem chegar a 90% da produção. A soja e a pecuária de leite também são afetadas. Caminhões-pipa levam água a propriedades do interior.

 

Em Salvador das Missões, a última chuva foi em outubro. A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) estima perdas de 70% da produção de milho, 50% da de fumo e 20% nos hortigranjeiros. Uma força-tarefa trabalha para puxar 2,5 quilômetros de rede de água para três comunidades da zona rural. No norte do Estado, a prefeitura de Trindade do Sul abastece diariamente 60 famílias do interior, que sofrem com falta de água para consumo humano. Em alguns pontos do município, não chove há dois meses.

 

Panorama

 

ONDE A SITUAÇÃO É MAIS GRAVE

 

Nas regiões de Santa Maria, Passo Fundo e Lajeado, o índice pluviométrico em outubro e novembro ficou em apenas 25% do normal.

 

ONDE MELHOROU

 

No fim de semana, choveu 128mm no Vale do Sinos e na Região Metropolitana, 84 mm na Serra e 40mm em Palmeira das Missões.

Fonte: Fonte: Centro Estadual de Meteorologia