Setor privado tem mais chance de resolver embargo russo, aponta Scot Consultoria

Segundo técnicos da entidade, impasse dificilmente será solucionado pelo governo federal

 

Foto: Hermínio Nunes / Agencia RBS
Embargo russo às carnes brasileiras completa um ano nesta sexta

 

O diretor da Scot Consultoria, Alcides Torres, afirmou nesta quinta, dia 14, que o embargo russo às carnes brasileiras dificilmente será solucionado pelo governo. Para ele, o setor privado tem mais chances de resolver essa questão.

– Acho que a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs) tem colhido muito mais resultados com relação ao embargo – disse ele, durante palestra na Feicorte 2012, em São Paulo (SP).

O embargo russo completa um ano nesta sexta, dia 15, e as vendas de carne suína, de janeiro a maio, tiveram queda de 47,50% em volume e 48,62% em receita, em comparação com o mesmo período do ano passado, conforme a entidade. Até o momento, nenhuma empresa dos três Estados embargados (Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso) foi autorizada a vender para a Rússia. Torres aponta, ainda, que o domínio do JBS, maior frigorífico do mundo, sobre o mercado brasileiro tira o poder de negociação do produtor.

– Antes da crise econômica de 2008, o JBS tinha 12,6% de participação de mercado. Agora, tem 20,7%. É um crescimento de 80%. Isso não é bom – afirmou.

Insumos

Os técnicos da Scot Consultoria acreditam que a entrada da safra de milho 2012/2013 dos Estados Unidos, que deve ser recorde segundo o Departamento de Agricultura daquele país (USDA), poderá aliviar a demanda por soja, utilizada como insumo para produção de ração.

– A demanda é crescente e o clima não está ajudando os produtores – pontuou o zootecnista da Scot, Rafael Ribeiro de Lima, referindo-se aos problemas climáticos que têm apertado os estoques globais da oleaginosa.

Para Lima, deve haver um aumento na área plantada com soja na temporada 2012/2013 no Brasil em detrimento do milho de primeira safra, cujos preços recuaram fortemente neste ano em virtude da ampla oferta (a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima uma produção de 34,9 milhões de toneladas).

Já a área plantada com milho de segunda safra deve se manter na safra 2012/2013 frente o período atual 2011/2012, conforme o zootecnista.

– O milho safrinha, que não é mais safrinha, já representa praticamente metade da produção brasileira do cereal. A Conab estima colheita de 32,9 milhões de toneladas de milho na segunda safra de milho em 2011/2012. É a safrinha que está pressionando (os preços) – concluiu Torres.

A 18ª Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne (Feicorte) começou na segunda e segue até esta sexta, no Centro de Exposições Imigrantes.

Fonte: Agência Estado