Soja resistente à ferrugem vai reduzir o uso de fungicida

Indústria da semente avança em competição com indústria de insumos. Variedade testada no Cerrado chega às lavouras do Sul

A soja antiferrugem, pesquisada por instituições públicas e privadas que tentam deter a doença, pode reduzir pela metade o uso de fungicidas. A avaliação é do pesquisador de fitopatologia da Fundação ABC, Carlos André Schipanski. Ele refere-se à semente Inox, que a Tropical Melhoramento Genético (TMG) lança hoje (21), em Cambé (Norte do Paraná).

A Fundação ABC, de Castro, foi uma das instituições que recebeu a nova semente para testar a resistência ao fungo que provoca a ferrugem, Phakopsora pachyrhizi. Nas áreas monitoradas, “as cultivares tradicionais exigiram duas aplicações; com a Inox, o produtor precisaria fazer somente uma aplicação nesta safra”, disse ontem o especialista. A expectativa é que a variedade ofereça vantagens em produtividade, como em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Os produtores chegam a gastar o equivalente a dois sacos (60 quilos) de soja por hectare para controlar a ferrugem. Quando a doença se alastra, as perdas de rendimento podem chegar a 30%.

Depois de ter lançado o produto no Cerrado brasileiro em 2008, a TMG quer expandir seu mercado nos estados do Sul. Os detalhes da nova cultivar, adaptada às condições climáticas da região, serão anunciados em entrevista coletiva nesta tarde.

A novidade chega uma semana após o início do vazio sanitário, período em que as lavouras devem ficar totalmente limpas, sem plantas remanescentes de safras anteriores. Para Schipanski, a soja Inox não dispensa essa medida, mas contribui para um maior controle da doença. “É mais uma ferramenta dentro do pacote de tecnologias que o produtor de soja tem à sua disposição. Infeliz­mente, não podemos dizer que a ferrugem vai ser extinta por causa disso”, ressalta.

A primeira safra com soja antiferrugem no Brasil foi a 2010/2011, quando a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) também lançou uma semente resistente à doença. Coincidência ou não, de lá para cá, o sistema de alerta que contabiliza os focos do fungo em todos os estados produtores apresentou significativa redução no número de ocorrências, de 2.370 para 707 casos no ano passado.

Fonte: Gazeta do Povo