Suinocultores acreditam que mercado deve iniciar recuperação a partir de março

Conforme representantes do setor, cenário atual é de altos gastos com preços baixos do animal vivo

Criadores de suínos das principais regiões produtoras do país reclamam dos baixos preços e altos custos de produção. Segundo representantes do setor, o mercado de suíno vivo, que teve forte desvalorização em janeiro, ainda está em um cenário desfavorável. A expectativa é de melhora a partir de março. Em Santa Catarina, o valor está em R$ 2,20 o quilo. Apesar de estar acima da média de 2011, o custo no Estado é de R$ 2,65, conforme o presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos, Losivânio Luiz de Lorenzi.

– Há uma dificuldade de compra de insumos. O alto preço do milho realmente está deixando os produtores muito desanimados. Nós temos tradicionalmente um esvaziamento do mercado interno no início do ano pela questão de consumo. As férias escolares, o pessoal viajando. Isso diminui muito o consumo no mercado interno e por outro lado as exportações nestes primeiros meses são muito fracas – diz.

Situação semelhante vivem os criadores de suínos do Paraná. Em janeiro, o preço do animal vivo caiu cerca de 10% (R$ 2,46 o quilo). Atualmente, o valor tem variado entre R$ 2,40 e R$ 2,60, de acordo com a Associação Paranaense dos Criadores de Suínos. O presidente da entidade, Carlos Francisco Geesdorf, destaca que a perda do produtor tem sido menor em relação a outros Estados, mas, ainda assim, a situação é de crise.

– Do custo de produção, a gente não tem mais como se defender, a menos que o governo ajude. E ano a ano continua assim, sempre em crise. Como ela vem desde julho do ano passado, a preocupação é que quando ela estourar seja tarde demais – aponta.

Os problemas também causam impacto no mercado de São Paulo, conforme o presidente da Associação Paulista dos Criadores de Suínos, Waldomiro Ferreira. O custo de produção no Estado, segundo ele, está em R$ 62,00 por arroba. O preço está em R$ 53,00. Para Ferreira, como São Paulo depende da produção de outros Estados, acaba “importando” o cenário negativo.

– Se dependesse exclusivamente da produção de São Paulo, isso não estaria acontecendo. A produção é insuficiente para atender o consumo, então nós recebemos a produção de outros Estados, principalmente do Sul e do Centro-Oeste. Como existe um mercado pressionado por causa do Sul, que tem as exportações que foram reduzidas, faz com que a oferta no mercado paulista fique maior – explica.

A expectativa, contudo, é de que a situação melhore nos próximos meses. No mercado externo, parte das perdas com o embargo russo e com as dificuldades na Argentina devem ser recuperadas com os embarques para países como China e Estados Unidos.

– Eu acredito que esses mercados vão ser um diferencial, desde que o produtor espere o mercado acontecer para depois investir em aumento de plantel. É isso que a gente foca para o nosso produtor catarinense e do Brasil, para que a gente possa a voltar a ter lucro com a nossa atividade – afirma Lorenzi.

No mercado interno, o consumo deve retomar o crescimento, principalmente a partir de março, e os custos podem ter algum ajuste.

– O mercado está com poucos animais prontos para abate e o consumo está um pouco estabilizado. Ou seja, a nossa produção e o nosso consumo estão muito próximos um do outro. A partir de março, quando a retomada do consumo é mais acelerada, vamos ter uma retomada e um reaquecimento nos preços – acrescenta Ferreira.

– A gente tem informação da safra. Se bem que são números preliminares de uma quebra na produção no Rio Grande do Sul e Santa Catarina de 40%, por causa da estiagem. Em compensação, o Paraná teve uma área maior, uma produtividade maior. Então, as notícias dizem que no balanço final vai ter superávit na produção de milho. Espero que o governo consiga enxergar que esse milho tem que ficar aqui para gerar carne e não exportar grão para outros produzirem suínos e deixarem de comprar da gente – complementa Geesdorf.

Fonte: Canal Rural